Capítulo 7 - Puente La Reina / Stella
- alexnoguchi2
- May 27
- 3 min read
Updated: Sep 19
27/maio/2025
Depois de me deitar ontem, comecei a ter pequenos espasmos na perna esquerda e achei que seria mais uma noite de sofrimento. Segui o conselho do Chris e tomei um Tylenol. Foi a melhor coisa do mundo. Dormi em 5 minutos tal como um anjo.
Acordei somente no dia seguinte às 5:50am com o alarme da taiwanesa, que deixou ele tocando um tempão antes de desligar. Esse pessoal não está nem aí para os outros.
Depois da higiene pessoal verifiquei o celular e infelizmente fui informado da triste notícia da morte do pai do meu amigo Eric. Que Deus o tenha. 🙏
Verifiquei minhas bolhas e ainda estavam horríveis. Então coloquei uns curativos e passei esparadrapo em volta de tudo, em ambos pés. Fiz um pequeno teste de mobilidade e achei aceitável.
Fui até a recepção aguardar pela Suzana, que chegou bem no horário. Saímos para encontrar os demais, que estavam comprando café da manhã. A padaria não apeteceu a Suzana, então decidimos não aguardar por eles e saímos em direção à próxima cidade.

Nós começamos bem. Havia algumas subidas bem íngrimes onde passamos por diversas pessoas. Fiquei impressionado com o fato das bolhas não estarem doendo muito. Depois de cerca de 2 horas andando o restante do grupo nos alcançou. Eles estavam muito rápidos e me passaram. A Suzana os acompanhou e fiquei sozinho por um tempo até chegarmos na 1ª cidade para abastecer. Comi uma maçã e comprei um lanche para o horário do almoço.

Voltamos a andar, mas descobri que preciso esquentar um pouco até as bolhas pararem de doer. Novamente o pessoal disparou na minha frente e eu aproveitei para rezar um pouco pelo pai do Eric.
Encontrei todos na cidade seguinte, que ficava na metade do caminho, onde fizemos uma pausa mais longa. Eu deitei no chão e as meninas tiraram as botas e fizeram alongamento.

Ao retomar a caminhada fiquei novamente para trás e descobri que minha barriga estava roncando. Eu fui muito burrro em não comer meu sanduíche na pausa longa. Prometi a mim mesmo que ia parar na próxima cidade para almoçar. Encontrei o pessoal em uma cafeteria. Comprei 2 gatorades e comi meu sanduíche. Quando retomei a caminhada era outra pessoa. Fui na frente com a Guy e a Suzana e chegamos em Estella por volta das 2pm.
Como o grupo era grande (9 pessoas) começamos a procurar um albergue com tantas camas disponíveis. O Chris chegou e nos levou até o abrigo paroquial, de donativo, administrado por homens chamados José. Lugar super simples mas muito aconchegante. Como o José que fez o check-in não fala bem inglês eu servi de intérprete. Depois de alocar todos eu tirei as ataduras dos pés e coloquei os pés no sol para secar as bolhas. O pessoal foi tomar um banho no rio mas eu a Suzana optamos por ficar e descansar. Eu tirei um cochilo muito revigorante. Depois fui para a área comum e logo apareceu a Suzana com cara de quem também tinha dormido.
Pouco depois a turma voltou do rio e começamos a ajudar o outro José (cozinheiro) a preparar o jantar. Tinha sopa de lentilha com chorizo, salada de alface, tomate, pepino e cenoura, além de ovos cozidos e batatas assadas. De bebidas tinha água, vinho e até cerveja. De sobremesa ele nos deu queijo com goiabada. A Jordan fez a oração e eu traduzi simultaneamente para o espanhol. Havia outros hóspedes com quem conversamos e tudo estava muito gostoso.

Para finalizar o jantar a Alex fez um discurso de despedida pois ela ia embora no dia seguinte. Ela falou palavras muito bonitas, sinceras e se emocionou. Foi lindo. Em apenas 5 dias criou-se um laço muito forte no grupo. Há muito tempo eu não via algo tão especial.

Tiramos a mesa, três pessoas se voluntariaram para lavar a louça e agora estamos prontos para dormir. Amanhã iremos andar cerca de 21km até Los Arcos mas parece que a cidade é meio pequena e será difícil acomodar nosso grupo. O Chris sugeriu andarmos 6km adicionais para ficar na próxima cidade. Amanhã vamos ver se minhas bolhas (e pernas) aguentam.
Obs: escolhi a música tema do capítulo por conta da espiritualidade que foi ficar albergue paroquial. o José gerente até deu a corrente de prata com um crucifixo que ele ganhou na Etiópia para a Jordan. Foi um momento muito emocionante.



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