Capítulo 36 - Muxía & Fisterra
- alexnoguchi2
- Jun 25
- 3 min read
Updated: Sep 19
25/junho/2025
Hoje foi um dia diferente. Acordei por volta das 8am e separei apenas uma pequena bolsa com passaporte, água, óculos escuros, boné, filtro solar e blusa. Fui andando até a estação de trem onde agendei a retirada de um carro alugado. Na porta da agência encontrei a Hanna, dona do Goku (cachorro). Ela foi retirada do trem porque não são permitidos animais de estimação dentro dos vagões. Ela estava super cansada e chateada.
Do meu lado, deu tudo certo. Eu pedi um Peugeot 308, mas acabei recebendo um upgrade grátis para um Audi Q2. O carro nem era tão bom assim, mas com certeza era melhor que o solicitado. O Chris e o Louis estavam me esperando e fomos primeiro para Muxía.

No caminho bastante chuva e trovoadas. Ficamos até com pena do pessoal que estava andando. Mandamos mensagem para o Leandro perguntando se ele queria carona, mas ele rejeitou educadamente, dizendo que estava encharcado e não queria incomodar.

Rodamos por cerca de uma hora e pouco antes de chegamos a chuva parou. Ainda estava nublado mas pudemos ver a beleza indescritível do Santuário da Virgem de La Barca. O telhado e o interior foram destruídos pelo fogo causado por um raio, no Natal de 2013. Como a estrutura é toda de pedra a igreja pode ser restaurada, mas o altar conta apenas com um vinil pintado com o desenho original dos afrescos.
A praia também é maravilhosa, assim como a cidade. Tomamos café da manhã por lá e encontramos diversos peregrinos. É sempre bom conversar com as pessoas que estão no Caminho. Deu uma saudade gostosa das vilas pequenas, com alguns peregrinos e sem turistas. Consigo entender muito bem essa gente que não quer parar de caminhar.

Pouco antes do meio dia voltamos para a estrada a caminho de Fisterra, que fica a cerca de 30 minutos de distância. Logo na entrada paramos rapidamente em uma praia muito bonita chamada Langosteira. Em seguida seguimos para o Castillo de San Carlos, que abriga um museu de pesca. Não ficamos muito animados e seguimos até Finisterra, ponto mais Ocidental da Espanha. O nome vem de “fim da terra” e quando a gente chega lá entende exatamente o que isso quer dizer. Parece realmente o fim do mundo. Ficamos uns 10 minutos olhando aquele mar infinito em silêncio.

Voltamos para o centro da cidade e quando estávamos almoçando encontramos o Coleman e o Guillaume. Eles estavam esperando o ônibus para voltar a Santiago pois tinham que pegar o vôo de volta para casa. Também encontramos a Kate, que alugou um carro com um grupo de amigas e ia passar a noite em Fisterra. Por fim conhecemos uma peregrina chamada Dhasia, de Arizona, que começou o Caminho em 4/maio e ainda vai seguir mais alguns dias. Ela estava sozinha e a convidei para almoçar conosco.

Para finalizar a excursão fomos até a Praia “Mar de Fora”, a mais bonita de todas que visitamos. É uma praia bem selvagem ainda, isolada de tudo, sem prédios, sem ruas próximas , sem barracas, nem guarda-sóis, tal como deve ser. Ficamos lá bastante tempo olhando o mar e até cochilei na areia.

Foi uma ótima maneira de terminar o Caminho. Duas cidades pequenas, com muitos peregrinos e poucos turistas. Deu para sentir novamente aquela mesma energia do inicio da viagem. A cidade de Santiago está tão lotada de turistas que sinceramente dá um certo bode para a turma que começou em St Jean.
No caminho de volta ficamos conversando sobre os momentos que mais gostamos no Caminho. Estávamos muito felizes, satisfeitos e finalmente prontos para voltar para nossas casas.
Faltava apenas eu me despedir do Guy, Leon e Halley. Encontrei com eles no jantar e dei um forte abraço em todos. Foi um Caminho maravilhoso mas finalmente acabou. Aos poucos que acompanharam o blog até o final só tenho a agradecer pelo apoio. Espero ter conseguido plantar uma sementinha em cada um de vocês, para que venham curtir essa experiência maravilhosa! Foi uma das coisas mais incríveis que já fiz e vou guardar as memórias por toda a minha vida.
Buen camino a todos!
Obs: essa música da banda Egotrip é, na minha opinião, um dos melhores rocks já produzidos por brasileiros. A música foi tema da novela Mandala e atingiu grande sucesso na época. Infelizmente a morte do baterista, filho do Gilberto Gil, em 1990 causou a separação da banda.



Comments