Capítulo 24 - Astorga / Foncebadón
- alexnoguchi2
- Jun 13
- 3 min read
Updated: Sep 19
13/junho/2025
Novamente consegui dormir até as 6am.
A felicidade aqui está nas coisas pequenas. Dividi o quarto com apenas mais três e ninguém roncou alto. Acordei de bom humor. Fiquei ainda mais feliz quando estava me arrumando e o Juan Jose veio se despedir. Bom sujeito ele. Quem sabe eu ainda consiga encontrá-lo em Madrid.
Quando estava saindo do albergue encontrei no bebedouro alguns alunos daquele grupo grande que vi no dia anterior. Eles me disseram que eram de uma escola de 2o grau da própria Espanha e havia 80 crianças na excursão. Muito educados e simpáticos. Eles já estavam saindo para passear às 6:30am.

Eu estava sem nenhuma fruta na mala mas segui tranquilo porque sabia que a primeira perna seria de apenas 5km. Mas quando cheguei em 'Murias de Rechivaldo' não encontrei nenhum estabelecimento aberto. 😩 Tive que seguir mais 4,5km até 'Santa Catalina de Somoza' para pegar um sanduíche, duas bananas e um suco.
Estranhamente não encontrei ninguém conhecido durante a pausa e segui sozinho. Aproveitei para rezar um pouco e tentei pensar sobre a vida. O problema é que surgiu uma nova bolha no pé esquerdo e eu só conseguia pensar nela me incomodando durante todo o percurso. As bolhas são de longe o maior problema dessa peregrinação.

Pouco antes de 'Rabanal del Camino' encontrei o Marcio que estava descansando em uma sombra. Ele me acompanhou até uma lanchonete e poucos minutos depois apareceu o Chris Polaco. Seguimos todos para Foncebadón, em uma subida que foi difícil mais por conta das pedras soltas do que pela inclinação. Cheguei por volta das 1pm e aproveitei o albergue vazio (fui o 2o a fazer check-in) para tomar banho e lavar roupas.
Logo depois fui almoçar e beber uma cerveja. A cidade era muito pequena e não havia nada de interessante além da vista. Encontrei o Jesus (Espanha), que tocou um pouco de violão para nós. Ele conhecia umas músicas do Villa Lobos e agradou a diversos hóspedes. Logo em seguida apareceram o Chris, o Louis (França) e a Kas. Ficamos conversando até a hora do jantar.

A ceia foi comunitária e estava muito gostosa. A hospitaleira, Sinai (igual ao monte), me deu uma sobremesa extra porque a ajudei a colocar música no aparelho do albergue. Fiquei de barriga cheia e me preparei para dormir. Antes liguei para a Naomi que estava super contente pois acabou de entrar de férias escolares. Estou morrendo de saudades dela.
Foi um dia sem grandes emoções. Mas amanhã deve ser mais legal porque vamos deixar a pedra que trouxemos de casa na ‘Cruz de Ferro’. Esse ato simbólico significa deixar para trás o que há de negativo da sua vida. Seja um problema, um vício ou até mesmo uma doença. Você quem define o que quer descarregar. Como eu fiquei sabendo dessa história no primeiro dia do Caminho através da Jordan, peguei uma pedra nos Pirineus e carrego no bolso da jaqueta desde então. Espero que sirva. Quanto ao que quero deixar para trás, será minha vida no mercado financeiro.
Uma curiosidade é que Cruz de Ferro é o ponto mais alto do Caminho, pois fica a 1500m acima do nível do mar. E o mais interessante é que no mesmo dia vamos descer até 500 m de altitude, em Ponferrada, em um trajeto de 27km. Espero que os joelhos aguentem o declive.
Buen Camino!

Obs: escolhi essa música do Queen porque eu a fiquei cantarolando durante a caminhada de hoje. O ritmo acelerado ajuda a cadenciar as passadas durante os trechos monótonos.



😮 550 km!!!!
Que jornada!!!
👏🏻👏🏻👏🏻