Capítulo 18 - Carrión de los Condes / Terradillo de los Templarios
- alexnoguchi2
- Jun 7
- 3 min read
Updated: Sep 19
7/junho/2025
Quem conhece a música “Cotidiano” do Chico Buarque? Pois é, todo dia eu faço tudo sempre igual: eu acordo às 5am com a turma de madrugadores do albergue, fico na cama até às 6am e saio para caminhar às 6:30am. Tenho um ritual matinal de fazer minhas necessidades e passar vaselina nos pés antes de vestir as meias.
Hoje comecei a andar com a Noemi, que estava perdida na porta do albergue, olhando o mapa no celular. Mas logo depois de sair da área urbana eu disse a ela para seguir na frente porque queria ajustar minha meia.

Na verdade eu acho que meu pé direito desinchou, por conta do antiinflamatório que tomei no dia anterior e deixou a meia e o tênis um pouquinho folgados. Isso estava causando certa fricção na sola e achei que ia surgir nova bolha. Tentei ajustar tanto a meia como o tênis, mas não consegui. Tentei esquecer o assunto e depois de alguns quilômetros notei que o desconforto tinha sumido porque meu pé estava inchando novamente. Tem males que vem pra bem. 😅
Eu sabia que a primeira parte seria bem longa, de 17km, e torci para encontrar um truck food no meio. Dito e feito, por volta das 10:30am encontrei o check-point ainda vazio e tomei café da manhã. Dez minutos depois apareceram cerca de 20 peregrinos de uma vez. Eu já tinha descansado e saí da muvuca para uma outra perna de 8,5km até a próxima cidade.

Cheguei em Calzadilla de la Cueza por volta de 10:30 e fiz uma pausa longa porque não queria chegar em Terradillos antes das 1:30pm, horário em que os albergues geralmente abrem o check-in. Nesse meio tempo chegaram a Alix e o Guy e aquela turma enorme de peregrinos que estava no truck food. Conversamos rapidamente e saí antes deles, por volta das 11am, porque meu corpo estava esfriando.

Parei rapidamente em Ledigos para ir ao banheiro e a Alix me passou. Na retomada dos últimos 3km encontrei novamente o Guy e andamos juntos até Terradillos del los Templarios. A cidade é super pequena e conta com apenas 2 albergues. Eu já tinha mandado minha mala para um albergue que fica no centro da cidade e o Guy se juntou a mim. A Alix já estava alojada e a encontramos logo em seguida. Aproveitei o sol forte para lavar umas poucas peças de roupa e depois bebemos uma cerveja programando o dia seguinte.

Eu devo fazer os 23km que já estavam previstos. O Guy disse que vai me acompanhar e a Alix vai decidir na hora, pois ela tem que chegar em Santiago um dia antes do meu cronograma atual. Como é uma etapa curta vou levar minha mochila. Afinal de contas preciso carregá-la de vez em quando, não é? 😜
Eu estou bem. As bolhas secaram, o tornozelo direito dói um pouco mas nada grave. Agora só preciso manter o ritmo para chegar em Santiago no dia 23/junho. Quando chegar estou pensando em pegar um táxi até Finisterra apenas para ver o mar e dizer que cheguei no fim do mundo (“fim da terra”). Nem cogito andar até lá porque seriam 3 dias a mais e não vejo a hora de descansar as pernas. 😆
Sentado na sombra do jardim fiquei pensando em como vou sentir falta da tranquilidade dessas tardes em cidades pequenas da Espanha. Em menos de um mês vou estar de volta à bagunça de São Paulo. Que coisa! Eu mal cheguei na metade do Caminho e já estou saudosista. 🤪
Por hoje é só pessoal. Dia simples e feliz.
Buen Camino
Obs: "Rebirth", no contexto da banda Angra, significa "renascimento". A canção e o álbum "Rebirth" são sobre um renascimento da banda, uma volta às origens e a busca por novos horizontes. Também aborda a história de um mundo destruído e a reconstrução de uma nova sociedade com valores mais humanos. Exatamente o meu momento: “Rebirth of a man”.



E sempre que as coisas ficarem difíceis, “ride the wind of a brand new day”.
Meu amigo Fábio, que hoje mora na França, me apresentou Angra na época de escola e gosto desde então… época do André Matos…