Capítulo 17 - Boadilla del Camino / Carrión de los Condes
- alexnoguchi2
- Jun 6
- 3 min read
Updated: Sep 19
“There ain't no detour on that road
Though I'll meet you at the end”
6/junho/2025
Novamente a mesma história. Acordei às 5am com o alarme de alguém que demorou para desligar. De todo modo, consegui voltar a dormir e levantei às 6am. Devia ter apenas um sujeito (de um total se 20 camas) ainda dormindo quando saí do quarto. Fui levar a mochila para despachar na recepção e a porta do albergue parecia início de balada. Todo mundo animado e gritando. 😀
A primeira parte foi bem agradável pois o caminho margeava um canal utilizado para irrigação, transporte de alimentos e até turismo de pessoas. Muito bonito e arborizado. Dois espanhóis cujo nome desconheço me acompanharam até Frómista onde paramos para tomar café da manhã.

Eu comi uma rosquinha, uma banana, bebi um suco de laranja e peguei 2 ovos cozidos para comer no caminho. Como eles pediram um café da manhã de verdade, empratado, com ovos mexidos e torradas, pedi licença e saí sozinho.
Chequei o celular e recebi a triste notícia de que a Zuzana ia tirar o dia para descansar por conta de um problema estomacal da noite anterior. Foi a terceira pessoa do grupo com esse sintoma (Chris e Hannah também sofreram em Burgos).

A segunda parte da caminhada foi bem monótona, pois a trilha seguia a lateral de uma rodovia por 15km. Ou seja, paisagem sem graça e com barulho de carros e caminhões o tempo todo. Pelo menos foi fácil, sem grandes alterações de altitude, sem barro e sem pedras soltas. Teve gente que fez uma rota alternativa pelo campo, mas eu queria a mais fácil e curta de todas.
Nos últimos 4km meu tornozelo direito gritou. Alerta máximo. Eu mal conseguia andar. Achei que tinha dado merda. Fiz alongamento do jeito que consegui e tomei um tylenol. Santo remédio me deixou 90% após 5 minutos. Cheguei no albergue por volta de 1:20pm, fiz check-in, peguei minha mochila e fui tomar banho. Eu estava incrivelmente bem para alguém que sempre chega acabado. Deve ter sido o Tylenol.
Aproveitei o sol forte para lavar roupas (quase todas). Depois de pendurar tudo no varal fui dar uma volta. Não andei nem 2 quarteirões e encontrei a Maddie e a Jordan. Bebemos uma cerveja juntos e combinamos de ir à missa das 7pm. É sempre bom agradecer a Deus por cuidar tão bem dos peregrinos.

O Guy e a Alix chegaram mais tarde, pois estavam em uma cidade anterior. Eles também foram à missa e depois fomos todos jantar juntos.
Durante a missa, recebemos a benção do padre e ganhamos uma estrela de papel das freiras. A estrela representa o “caminho” que comentei nos primeiros capítulos (Compostela = ‘campo de estrelas’). Também gostei do sermão que fez um paralelo entre “o caminho” e a vida. Ambos tem começo e fim, e durante o percurso passamos por diversas provações, alegrias e às vezes até pensamos em desistir. Mas a fé nos faz acreditar e seguir em frente.
Depois jantamos todos juntos e marcamos de sair às 6:30am no dia seguinte. O último fato curioso do dia foi que no caminho do albergue havia 4 garotos brincando de bola e um deles me disse: “Bonito pelo*”. Eu dei risada e agradeci. E depois eles me disseram: “Buen camino”. Povo educado e simpático. Não estou acostumado.
*cabelo em castellano
Amanhã me programei para fazer os 26km previstos até ‘Tendillo de los Templários’. Pelas minhas contas já percorri metade dos 800km nestas duas semanas. Impressionante, não? Estou no meio do país. Espero que meu corpo aguente até o final. Passei na farmácia e comprei mais Tylenol e um tensor para o tornozelo. Também tomei um anti-inflamatório e estou me sentindo muito bem. Mas por via das dúvidas vou despachar a mochila novamente.

Por hoje é só pessoal. Amanhã tem mais.
Obs: A música do dia é de uma banda pouco conhecida. Foi fundada pelo baixista do UFO, mas nunca emplacou nenhum grande hit. Essa talvez seja a faixa mais famosa deles. Acho que o trecho extraído da letra tem tudo a ver com a missa dedicada aos peregrinos.



Cuida do tornozelo.
Take care. 🙌🏼