Capítulo 10 - Logroño / Najéra
- alexnoguchi2
- May 30
- 4 min read
Updated: Sep 19
30/maio/2025
Todo dia é a mesma coisa. Eu chego morto de cansaço da caminhada e digo que foi difícil. E hoje não foi nada diferente. Foram 30km sob bastante calor e a maior parte do tempo sozinho. O pessoal marcou se sair antes das 5am para evitar o Sol. Eu fui o único contra, mas acordei com o barulho de todos se arrumando. No final das contas saí quase no mesmo horário do grupo.

Como minha batata da perna ainda não estava 100%, eu comecei bem leve e nem tentei acompanhar a turma. Peguei os sticks, que havia usado apenas nos Pirineus, para tentar aliviar um pouco as pernas e segui viagem. Ainda estava escuro mas as luzes da cidade eram suficientes para caminhar. Quando finalmente saí do trecho urbano o sol já estava nascendo, então não precisei usar lanterna.
O Guy me ligou por volta das 6:23am perguntando se eu estava bem. Expliquei que sim, que minhas pernas estavam muito duras mas ia conseguir. Ele me sugeriu educadamente descansar um dia, mas eu já estava andando há 1,5 hora e disse que não iria desistir. Ele respeitou e eu agradeci pela preocupação.
Eu estava preocupado porque não consegui achar nenhum lugar vendendo sanduíches nem frutas. Depois de umas 3 horas andando parou um carro a cerca de 200 metros na minha frente e um homem começou a descarregar frutas na calçada. Eu fui o primeiro cliente, comprei 2 bananas e 1 maçã por 3 euros. Fui comendo no caminho e fiquei mais tranquilo.
Encontrei diversas pessoas conhecidas tais como a Hannah, o Francesco (Italia), o Iñaki (Espanha) e muitos outros que não lembro o nome. Engraçado que todos seguem o mesmo cronograma então parece uma série da escola, com diversas classes, onde todos se conhecem. Outro ponto muito curioso é que havia um sujeito bem rápido que me passou, sem brincadeira, umas 5 vezes. Mas eu não passei por ele nenhuma vez. Como pode isso?

Após passar por Navarrete havia uma outra cidade, chamada Ventosa. Eu tinha visto no mapa, na noite anterior, que havia a possibilidade de passar batido por essa cidade (mapa abaixo). Todas as placas diziam para virar à esquerda em direção a Ventosa e somente eu passei direto para economizar mais de 1km de distância. Algumas pessoas chamaram minha atenção dizendo que eu estava no caminho errado errado. Eu disse que sabia, agradeci e continuei. Então algumas pessoas também resolveram me seguir.
No final desse “atalho” encontrei a Hannah que gentilmente me deu uma pastilha de açúcar. Ajudou bastante a me dar energia. Elas partiram antes porque eu queria alongar um pouquinho para aliviar as dores.
Voltei com meu ritmo de tartaruga, devagar e sempre, com previsão de chegar em Nájera às 1pm. Cheguei uns 10 minutos atrasado porque parei no último quilômetro para conversar com o Marcio, que estava descansando em uns bancos de piquenique. Seguimos juntos até a entrada da cidade e almoçamos juntos. É sempre bom falar com um brasileiro.
Em seguida segui para o Hostel onde o Guy conseguiu um quarto com preço bom. Tomei um banho, mandei a roupa para lavar e fui tomar uma cerveja com a Jordan, a Kate e a Maddie. E aqui tem um ponto bem engraçado que descrevo abaixo.

Há cerca de dois dias conhecemos um espanhol chamado Iñaki. Ele é um jovem de Pamplona que sofre um pouco para falar inglês. Ontem, por volta das 7am, enquanto tomávamos café da manhã, ele apareceu bebendo cerveja. Eu olhei assustado e perguntei: “Que é isso, cara?” Ao que ele me responde: “Aqui na Espanha é normal tomar uma cervejinha no café da manhã“. Eu não disse mais nada e ficou por isso mesmo. Eis que hoje, após caminhar 30km, no calorão, sentado na praça ao lado do rio, bebendo uma cerveja com as meninas, o Iñaki aparece. Convido-o a beber uma conosco, ele topa e me volta com um copo com líquido marrom. A princípio eu achei que era Amarula ou Bailey’s, mas o copo estava muito cheio. Perguntei o que era e ele me responde: “Café com leite“. Sujeito maluco. 😜
Por volta das 6pm fomos jantar e depois voltei pro quarto porque precisava descansar. Refiz meus curativos nos pés, liguei para a Naomi e fiz o duolingo. O problema é que está um calor danado. Como o quarto não tem ar-condicionado temos que deixar a janela aberta, mas são 9:30pm e ainda está claro. Esse horário de verão no hemisfério norte é muito difícil para um brasileiro. 😩
Ah, estava me esquecendo de um evento muito importante. A Halley ficou em Logroño, aparentemente com dores nos pés. Ela estava pensando em pegar um ônibus para continuar o caminho com nosso grupo mas não a encontramos em Nájera. Espero que ela consiga nos alcançar. Gostamos muito da companhia dela.
Amanhã esperamos por um dia mais tranquilo, com “apenas” 20km para cumprir. Tomara que minhas pernas aguentem. E para fechar o blog de hoje digo que, depois de 8 horas andando aprendi a respeitar mais o pessoal que faz trilha. Meu Deus do céu. Andar por 8 horas é coisa de gente doida. 😂
Obs: o título da música é relacionada com a distância percorrida hoje. Os brasileiros mais velhos vão reconhecer a música por causa de um comercial de cigarros bem antigo. “Hollywood, o Sucesso!”



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