Capítulo 4 - Roncesvalles / Zubiri

Steve Vai - Liberty

24/maio/2025

A noite foi difícil. Muitas dores em todo o corpo e mais de 50 pessoas dormindo no mesmo dormitório (foras os outros três andares).

Cada “quarto” tinha duas beliches. Eu dei sorte de cair com a Alexandra. O problema é que os outros dois roncavam bastante. Lembrei da época em que dividia o quarto com meu irmão, que roncava igualzinho a um deles. Devo ter dormido por volta da 1am e acordei às 6am quando todas as luzes se acenderam e começou a tocar um canto gregoriano do lado de fora.

Cinco de nós, Jordan, Halley, Suzana, Guy e eu, combinamos de encontrar na porta às 7:30 am para sairmos juntos e tomar café. Ninguém atrasou. Andamos cerca de 15 minutos e chegamos na padaria onde encontramos com mais dois da gangue, Chris e Alex. A Alex estava com pressa e saiu quando chegamos. O Chris se juntou a nós.

Da esquerda para direita: Jordan, Suzana, Halley, Guy e eu.

A trilha estava muito mais tranquila, plana e arborizada. Passamos por algumas cidades medievais muito pequenas e charmosas.

Dessa vez eu e a Jordan lideramos a trupe. Conversamos sobre diversos assuntos até que conheci uma canadense muito bacana chamada Emma. Ela nos acompanhou por um trecho e parou conosco para abastecer e comer um pouco.

Ao retomar o caminho descobrimos que a trilha tinha uma surpresa nada agradável no final. Uma descida bem íngrime com diversas pedras pequenas. Uma delas inclusive entrou no meu tênis, o que me causou uma pequena bolha. Ninguém caiu, mas precisamos reduzir a velocidade.

Chegamos em Zubiri por volta das 3:30pm. Na entrada da cidade tem uma ponte de pedra sobre um rio bem gelado. Havia um pessoal molhando os pés.

Eu segui direto para o albergue em que eu e a Alex tínhamos reserva. Os demais foram procurar outro lugar mas voltaram 10 minutos depois pois não encontraram vaga.

Lavei minha roupa manualmente enquanto os demais tomavam banho e conheci um brasileiro (o primeiro até então) de Taubaté, chamado Marcio. Ele parecia meio mau-humorado mas abriu um sorriso quando descobriu que eu também era brasileiro.

Depois fomos até o rio para tomar um pouco de sol e brincamos com um cachorro local.

Eu, Zuzana, Jordan, Guy, Maddie, Chris e Halley

Eu, a Suzana, a Jordan e o Guy fomos tomar uma cerveja. Encontramos o Dylan em uma mesa só de americanos. Gente boa esse garoto.

Depois de 1/2 hora apareceram a Halley, a Maddie e o Chris. Eles trouxeram um argentino de Mendoza chamado Rodolfo.

Ficamos bebendo até às 6:30 pm quando pedimos o jantar porque a cozinha ia fechar.

Voltamos quando começou a esfriar e a Jordan fez um curativo na minha bolha (te adoro garota) porque estava doendo muito. Depois conversamos um pouco no gramado. A Halley estava lendo o “Diário de um Mago”, do Paulo Coelho, e conversamos sobre o livro. Quando falamos sobre o “exercício da semente“ todos ficaram curiosos e a Halley os ensinou a fazer. Foi muito engraçado.

“Exercício da Semente”, de Paulo Coelho

Depois disso entramos no albergue e cada um foi para seu quarto. Pela primeira vez usei o saco de dormir porque estava frio e eu não tinha calças limpas para usar. Novamente sofri para dormir com o barulho de ronco dos outros. Coloquei os fones e rezei para chegar bem na tāo esperada Pamplona.

Obs: a música tema desse capítulo é a faixa de abertura do álbum “Passion and Warfare” de Steve Vai. Na minha opinião é a música que melhor representa o título que possui. Toda vez que a escuto me sinto muito feliz, tal como no dia de hoje.

Capítulo 5