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Capítulo 30 - Sarria / Portomarín

  • alexnoguchi2
  • Jun 19
  • 3 min read

Updated: Sep 19

19/junho/2025


Acordei brigando com um francês hoje cedo. O sujeito acordou todo o quarto às 5:30am com um alarme no volume máximo, inclusive com luz de flash. Até aí estava dentro do tolerável e já tinha acontecido outras vezes, em outros albergues. Mas o safado colocou no snooze e o telefone voltou a tocar 10 minutos depois. E ainda teve uma terceira vez. Eu o xinguei em inglês de “MF” em alto e bom som. O cara fingiu que não ouviu e simplesmente arrumou as coisas e saiu do quarto. Durante a caminhada, o encontrei cerca de 1 hora depois e, como estava mais calmo, apenas nos cumprimentamos.


Comecei o Caminho pela trilha errada. Segui o Google maps ao invés do app “Camino ninja” e peguei a trilha de bicicleta. Andei sozinho por cerca de uma hora. Parece que os ciclistas não gostam de usar a própria trilha e preferem incomodar os peregrinos na trilha de pedestres. 😝 Como não havia diferença relevante na distância não perdi tempo nem fiquei incomodado.


Saída de Sarria
Saída de Sarria

Na verdade depois fiquei até feliz porque me disseram que a saída da cidade pela trilha normal estava lotada. Enviaram-me um video com centenas de pessoas e até pessoas montadas em cavalos. Havia de tudo nessa turma nova de peregrinos que começaram em Sarria (últimos 100km). Desde grupos enormes de chineses, até famílias inteiras de americanos, passando por estudantes universitários e de 2o grau, da própria Espanha. O Caminho virou uma grande passeata. Não havia mais como caminhar em silêncio meditando ou rezando. Fiquei meio triste, mas conformado. Assim como na nossa vida, quando estamos curtindo um momento bacana, seja no trabalho ou na vida pessoal, sempre aparecem aqueles retardatários que querem aproveitar o final da festa.


Nascer do Sol
Nascer do Sol

Cheguei em Portomarín por volta de 12:30pm e bebi uma cerveja com a Nat (Australia), Julia e Chris Polaco antes de fazer o check-in. O Lucca e o Leon me seguiram e ficamos no mesmo quarto. Logo em seguida se juntaram a nós o Leandro e o Dario.


Lavei roupa pois estava sem camiseta limpa e depois fui almoçar com a turma. O calor estava de rachar mamona. Comi um menu pelegrino e bebi uma raddler. Estávamos eu, Julia, Nat, Chris, Leon, Louis, Maria Jose, Leandro e Lucca. Quando estávamos pagando a conta apareceu a Zuzana, que andou 35km até nos alcançar. Ela foi tomar um banho no albergue e nós fomos nadar no Rio Minho. Cabe aqui mencionar uma curiosidade. No fundo desse rio está a antiga vila, que foi submersa pela construção de uma barragem. Dizem que quando a maré está baixa é possível ver as ruínas.


Leon ao fundo e Chris Polaco em primeiro plano
Leon ao fundo e Chris Polaco em primeiro plano

Ao chegar no rio encontramos um pier onde nos instalamos para nadar, conversar e ouvir música. Bem semelhante ao dia anterior. Como o Leandro e o Lucca são italianos, pedimos a eles para preparar um macarrão para o jantar. Eles toparam e compramos os ingredientes no supermercado. Mas quando chegamos no albergue o dono do estabelecimento nos proibiu de trazer convidados. Tivemos que desconvidar metade do grupo (eram 10 pessoas) e cozinhar apenas para os hóspedes do próprio albergue. Foi chato, mas a vida é assim.


Amanhã deve fazer mais calor ainda, com máxima de 34º C. Serão 25km sendo metade de aclive. Eu estou me preparando para um dia bem cansativo, mas pelo menos já reservei meu albergue. Faltam apenas 4 dias e menos de 100km. Estamos na reta final e não podemos relaxar.

Igreja de Portomarín
Igreja de Portomarín

Até amanhã e

Buen Camino



Obs: em meados dos anos 60 o Eric Clapton já era conhecido como um deus da guitarra. Mas após ouvir Jimmy Hendrix tocar ele ficou três meses sem encostar no instrumento pois ficou frustrado e desanimado com a própria técnica. Essa informação veio dele mesmo em uma entrevista.


 
 
 

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